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Ações, Instituto Royal.

Barry Horne: um mártir do movimento de libertação animal

Barry Horne foi um ativista de direitos animais inglês, nascido na cidade de Liverpool, localizado no noroeste da Inglaterra, Reino Unido; seu pai trabalhava como carteiro e sua mãe faleceu quando ele ainda era muito jovem.

Barry criou interesse nos direitos animais aos trinta e cinco anos quando participou de uma reunião de libertação animal acompanhado pela sua segunda esposa, Aileen. Após assistir alguns vídeos sobre o assunto, ele tornou-se vegetariano e passou a agir inicialmente como sabotador de caças.

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Sua primeira ação foi na primavera de 1987 onde organizou a libertação de animais de um laboratório da Unilever e a realização de uma manifestação em frente a uma loja da Beatties, uma loja de departamento de casacos que vendiam peles de animais.

Libertação de Beagles e Coelhos
Em 17 de março de 1990, na noite que Horne fazia 38 anos, ele e Keith Mann junto a Danny Attwood como parte de uma pequena célula da A.L.F. (Animal Liberation Front) salvaram 82 filhotes de beagles e 26 coelhos da empresa Harlan Interfauna que fornecia animais para testes em laboratórios e recolheram documentos que mostravam a lista de empresas e universidades que usavam esses animais em laboratório, como a Boots UK, Glaxo, Beechams e o Centro de Investigação em Huntingdon e diversas universidades.

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Prisão
Após a realização de ataques incendiários, danos a propriedade privada (sem causar, obviamente, dano a nenhum ser humano) e causar um prejuízo de 3 milhões de libras esterlinas em 1994 para a indústria farmacêutica da Boots, Horne foi indiciado a 18 anos de prisão por sabotagem econômica a industrias de exploração animal.

Greves de fome
Sua primeira greve de fome em janeiro de 1997, seis meses após ter sido preso, durou cerca de 35 dias e foi realizada como forma de persuadir o político conservador John Major a retirar o apoio governamental a experimentação animal dentro de cinco anos. Encerrou sua greve quando Elliot Morley, porta-voz do Labour Animal Welfare, escreveu que o trabalho está comprometido “a uma redução e o eventual fim da vivissecção”.

A greve de fome de Barry Horne pipocou várias ações pró-direitos animais e pró-libertação animal em vários lugares, diversas manifestações ocorreram no país até mesmo ações de libertação de animais usados como escravos pelas industrias farmacêuticas como a libertação de gatos da Fazenda Colina Grove em Oxfordshire, danos a propriedade da Harlan e remoção de beagles da Consort Kennels, destruição de sete caminhões da Buxted, a libertação de coelhos que seriam usados para vivissecção (tradução livre: cortar animal vivo), além de grandes danos a um McDonalds da cidade.

A segunda greve de fome começou em 11 de agosto do mesmo ano, o objetivo de Barry Horne foi que o governo britânico retirasse todas as licenças de experimentação animal dentro de um prazo acordado. O movimento de Direitos Animais estava maior e apoiando Horne. Protestos foram realizados em Londres, Southampton, em Cleveland, Ohio e na Universidade de Umeå na Suécia, onde os ativistas tentaram libertar os animais do biotério da universidade. Uma marcha reuniu quatrocentas pessoas em direção a Shamrock Farm (uma instalação de primatas que foi fechada em 2000, após 15 meses de pressão por ativistas britânicos); uma outra marcha reuniu trezentas pessoas em direção ao Wickham Laboratories. Acampamentos foram instalados em frente ao Huntingdon Life Sciences em Cambridgeshire; uma fazenda de porcos em Newchurch foi apropriada por ativistas que libertaram 600 animais das grades.

Desta vez, a greve de fome durou 46 dias e terminou quando Lord Williams de Mostyn e um procurador-geral contactou colegas de Horne para negociações com o governo britânico. Esta foi a primeira vez que um membro do governo concordou em dialogar com membros do movimento de libertação animal e foi visto como um importante passo a frente para o movimento.

A terceira greve de fome, foi a greve fatal, perdurou durante longos 68 dias, enquanto sua condição física e a deterioração de sua saúde tomou as manchetes por todo o mundo, com ativistas alertando que Barry Horne poderia vir a falecer. Sua luta trouxe a questão da experimentação animal para a vanguarda da política britânica, suas exigências eram maiores, mais extensas, específicas e cada vez mais necessárias, ele solicitou um fim para a emissão de licenças para experiências com animais e que as antigas não fossem renovadas, uma proibição de toda vivissecção para fins não medicinais, o fim de Porton Down um centro do Reino Unido de ciência militar (uma das mais secretas instalações do país para a pesquisa militar) e o encerramento do Comitê de Procedimentos Animal.

Barry Horne, emitiu um comunicado, que é utilizado atualmente como um grito de guerra pelo movimento de Direitos Animais:

“A luta não é por nós, não por nossos desejos e necessidades pessoais. É para todos os animais que já sofreram e morreram nos laboratórios de vivissecção, e para cada animal que vai sofrer e morrer nesses mesmos laboratórios a menos que acabemos com esse mal agora. As almas dos mortos torturados clamam por justiça, o grito da vida é a liberdade. Podemos criar a justiça e nós podemos entregar essa liberdade. Os animais não têm ninguém além de nós. Nós não vamos falhar com eles”.

No décimo dia da 3º greve de fome, Horne foi transferido para uma cela fechada, sem vaso sanitário ou pia, apenas com uma cadeira e mesa de papelão. No 43º dia ele já estava sem 25% da sua gordura corporal e leu seus últimos ritos.

No 46º dia ele foi transferido para o Hospital Geral York por sofrer de desidratação depois de ter passado a semana em vômito; durante o 52º ele reclamava de dor, estava com dificuldades de enxergar e estava em perigo de entrar em coma. Segundo seu amigo, também ativista de direitos animais, Keith Mann, o mártir Barry Horne estava com dificuldades tremendas de compreensão, seus apoiadores traziam novidades dos diálogos com o governo, mas Horne não conseguia compreender.

Durante três dias Horne tomou chá e suco de laranja para evitar o coma e para que ele pudesse entender as negociações. A grande mídia burguesa buscando assassiná-lo classificou a greve como fraude, mesmo após um total com cerca de 133 dias de greve de fome.

Após sessenta e três dias de greve, Horne estava surdo de um ouvido, cego de um olho, com seu fígado falhando e estava com consideráveis dores. Barry Horne foi transferido do hospital para a prisão sem o aviso prévio de seus amigos e familiares, a alegação do governo era que ele se recusava dos tratamentos e não havia motivo para deixá-lo no hospital, Mann afirma que Horne estava tendo alucinações e não conseguia mais se lembrar por que ele estava em greve de fome.

Fim da Greve de Fome
Existem duas versões para o fim da greve de Horne, os meios tradicionais de comunicação informaram que um deputado trabalhista tinha arranjado uma reunião com Ian Cawsey, chefe do Grupo Parlamentar de Todos os Partidos de Bem-Estar Animal para discutir práticas de testes em animais no Reino Unido, o que segundo a mídia foi interpretado por Horne como uma concessão por parte do governo.

Por outro lado, seus amigos, incluindo Keith Mann, suspeitam de que algo grave havia acontecido com Barry Horne durante os dois dias em que ele estava de volta à prisão:

“O que aconteceu com ele entre deixar o hospital e voltar para a prisão não sabemos, mas todas as pessoas próximas a ele suspeitam que algo foi feito e ele nunca mais foi o mesmo” – Keith Mann, ativista pró-libertação animal

 

A última greve de fome
Em 21 de outubro de 2001, Barry Horne iniciou mais uma greve de fome, desta vez, estava sem estratégias coesas (sua saúde física ainda não havia sido recuperada) não tinha mais tanto apoio popular após o buraco que a mídia causou devido a alguns dias de suco de laranja.

Barry Horne, um dos mais dedicados ativistas de direitos animais, faleceu no dia 5 de novembro de 2001, após quatro greves de fomes, alta visibilidade sobre os direitos animais e a experimentação animal em seu país e na mídia internacional, libertação de milhares de animais salvos das garras da indústria e inúmeras manifestações de apoio que se estendem até os dias de hoje.

Atualmente
A Inglaterra é um dos países mais avançados na questão da abolição da experimentação animal, além da proibição do uso de animais em cosméticos, o país também não utiliza mais animais na educação médica, portanto, é ilegal na Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda) estudantes de medicina praticarem cirurgia em animais. Muitos desses feitos tem sua origem no avanço proporcionado por Barry Horne.

SAIBA MAIS: www.portalveganismo.com.br/barryhorne

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