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Artigos sobre Direitos Animais.

“Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é muita estrela, pra pouca constelação.”

Raul Seixas

O educador vegano não pode se dar ao luxo de se achar o pop star do movimento animalista. Você não é o centro da questão, o centro está no combate ético ao especismo, está no respeito à vulnerabilidade inerente a todo ser vivo.

O estrelismo que leva a rivalidades tão comuns entre ONGs de defesa dos (de alguns) animais não pode fazer parte da práxis do educador vegano. Os educadores veganos devem ser guiados pela convicção ideológica ético-politica animalista. A prática é individual, direcionada pelo contexto singular ao qual ele está inserido. Cada escola, cada universidade, cada bairro, cada cidade, cada vilarejo tem suas particularidades, a ação do educador vegano deve ser construída dentro desse contexto especifico, tendo como foco o combate ao especismo ali reinante. A ação é particular, mas a ideologia que o guia, que o norteia é universal: o modo de vida vegano.

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Há tempos é moda, é chique ser protovegetariano. Hoje, muitas pessoas estão vendo no movimento animalista uma bela possibilidade de aparecer, estão fazendo seu marketing pessoal em cima de uma causa seríssima de defesa ética dos mais vulneráveis de outras espécies. São oportunistas, especistas eletivos e elitistas. Desconhecem algumas virtudes fundamentais para quem se dedica a essa causa. Nas palavras de Sônia Felipe, elas são: “Discernimento, coerência, justiça, proposito existencial sincero de não violência contra qualquer ser capaz de sofrer, coragem, serenidade, persistência, humildade, e… vontade sincera de aprender muito sobre a vida dos outros animais”.

O movimento animalista no Brasil está infestado de “estrelas”. Penso, assim como Raulzito, que “até que parece sério, mas é tudo armação. O problema é muita estrela, pra pouca constelação”.

Essas “estrelas” aparecem “do nada” e querem organizar eventos ou querem usar eventos já conhecidos para fazer seu nome. A preocupação dessas “estrelas” não é com a mudança de status de coisas dado secularmente aos animais para o de pessoas sujeitas de direitos, mas com seu marketing pessoal, por exemplo: ovo-lactomanos bem-estaristas que organizam seminários e simpósios, ou passeatas e manifestações de “direitos animais”.

Outras “estrelas” criam sites e blogs que se intitulam a principal referência sobre vegetarianismo, veganismo e direitos animais. É devido a falta de coerência, senso de justiça e humildade (ou seja, entender que não é ele o foco, o centro das atenções, mas os animais usados e explorados) dão sucessivos tiros no pé do movimento, passando para as pessoas que estão no inicio do processo de conscientização animalista, falsas informações, ideias contraditórias em termos, uma repetição constante de clichês.

Temos também as “estrelas cadentes”, aqueles que “viram” ativistas e não duram seis meses no ativismo, mas essa passagem rápida pelo movimento é o suficiente para fazer estragos, deixando assim, para os teóricos e ativistas sérios a limpeza da sujeira que fizeram ao passar pela causa. Como se já não bastasse o trabalho que temos diariamente e que sabemos que irá se prolongar pelo resto de nossas vidas, temos também o trabalho de desfazer os estragos que alguns meteoritos causam, exemplo: insistência conceitual na definição de vegetarianismo como abstenção apenas de carne vermelha, ou a defesa da insanidade chamada “segunda sem carne”.

Não podemos esquecer que muitos veganos também são oportunistas deixando de se focar nos animais para fazer seu show particular.

Como já foi dito, temos muitas estrelas e pouquíssimas constelações. Como vamos nos livrar das “estrelas” que ao contrário de abrilhantar o céu da causa animal, caem como meteoritos causando pequenos estragos, pequenos, mas sucessivos, constantes?

* Publicado originalmente no site da ANDA.

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