Maria e João atuam no Movimento Nacional Contra Agrotóxicos. Ambos adotam o discurso de que agrotóxicos são prejudiciais à saúde humana e por isso precisam ser banidos da agricultura nacional. Maria desconhece João, que também não conhece Maria. Afinal, o movimento é nacional e por isso bastante amplo e diversificado.
Em paralelo às atividades do movimento social, Maria trabalha bastante para consolidar a sua empresa de comercialização e distribuição de Alimentos Orgânicos denominada “Livre de Veneno”. Trabalha bastante, também, para se consolidar como exclusiva empresa de venda de produtos orgânicos em meio ao cenário de total permissão para o uso de agrotóxicos. João, por sua vez, trabalha construindo referencial teórico e prático para agregar no Movimento Nacional Contra Agrotóxicos.
No Congresso Nacional parlamentares apresentam um Projeto de Lei para proibir o uso de todos os Agrotóxicos na Agricultura Nacional. O Projeto, que prevê a proibição do uso de Agrotóxicos e multa de mil a um milhão de reais para o proprietário de terra em que for flagrado o uso dessas substâncias, infelizmente é aprovado pelos deputados na forma do texto substitutivo que prevê tão somente a proibição do uso de 5% dos venenos agrotóxicos que existem disponíveis no mercado nacional e internacional.
Maria acredita que aprovar somente 5% da proibição do uso de venenos é algo a se comemorar. Acredita que assim está tudo muito bom para os cidadãos brasileiros, mesmo sabendo que continuarão se alimentando com venenos enquanto poderiam – fosse aprovada a proibição total – passar a se alimentar com produtos orgânicos e saudáveis. Maria segue com o seu trabalho para consolidar a Livre de Veneno como uma das únicas empresas nacionais de orgânicos.
Aprovada a proibição do uso de apenas 5% dos Venenos agrotóxicos, Maria comemora efusivamente. João e demais companheiras (os), ficam, como não, assustados com a manobra dos deputados e indignados, afinal deveriam ter aprovado a proibição de 100%.
Com a proibição tão somente de 5% de venenos, Maria – que segue consciente do cenário favorável para a consolidação da Livre de Veneno – comemora bastante a aprovação da Lei “meio-termo”. João segue em sua luta com a companhia de demais ativistas para pressionar o Poder Público a proibir o uso de todos os venenos agrotóxicos utilizados no país.
Diante da resposta do Movimento à manobra dos parlamentares de aprovarem tão somente proibição de 5% ao invés de 100%, Maria acusa João e todos os demais opositores da fatídica Lei de quererem desestabilizar o Movimento Nacional Contra Agrotóxicos. João, seus parceiros e demais integrantes do Movimento não conseguem compreender como Maria pode se satisfazer com a aprovação somente de 5% do uso de venenos. Afinal, Maria afirma que é defensora da proibição do uso de agrotóxicos mas concorda com a proibição tão somente de ínfima fração do seu uso ao invés da completa proibição.
João e companheiras (os) compreendem que Maria erra gravemente ao defender tão incisivamente a proibição do uso somente de 5% e alcançam o consenso de que não é mais necessário consumir energias com Maria enquanto ela não voltar a defender os interesses do Movimento Nacional Contra Agrotóxicos.
Por Patrick Fernandes de Carvalho.
Nota do Portal: Qualquer relação com o movimento “animalista” antropocêntrico brasileiro e a recente lei de testes em animais não é mera coincidência.
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