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Artigos, Artigos sobre Direitos Animais.

Obs.: Este texto não tem a intenção de representar as minorias políticas presentes no veganismo interseccional. Eu me considero vegano interseccional, mas isso não me é uma prerrogativa para falar em nome de todo mundo do movimento.

O que trago aqui são ideias mais gerais, e um ponto de vista empático que evita martelar certezas absolutas e, pelo contrário, busca o diálogo, a curiosidade etnológica e a diplomacia. Muito do que digo aqui advém de minha convivência com outras(os) vegans interseccionais, e peço que, caso eu tenha errado em alguma parte ou extrapolado meu lugar de fala, por favor, me avisem que farei as devidas correções.

No início de novembro, Bruno Müller escreveu um longo texto, dividido em três partes (acesse por aqui a parte 1, a parte 2 e a parte 3), com o intuito de criticar o veganismo interseccional (referido nesta resposta pela sigla VI) e acusá-lo de ter muitos “sintomas de fascismo”, ser “elitista” e “falacioso” e ser uma “falsa” vertente vegano-abolicionista. Bem que esse artigo poderia ser uma crítica construtiva que incentivasse a reflexão e o debate entre pessoas veganas interseccionais e discordantes saudáveis da vertente.

Mas não é isso do que se trata o tal texto. Ele dirige uma série de ataques agressivos, destrutivos, depreciativos, contra os adeptos do VI – entre os quais eu me incluo. E como agravante, usa e abusa de falácias, em especial a do espantalho, na tentativa de provar como o pensamento interseccional é “absurdo” e também “especista”.

Com a intenção de desmontar as falácias e ataques desse artigo, e pelo bem da própria retidão argumentativa e intelectual do vegano-abolicionismo, faço esta resposta. Também desejo, por meio dela, induzir o leitorado a compreender melhor o que realmente se pensa no meio vegano interseccional.

 

Primeira parte
O autor inicia a primeira parte, depois da introdução – rebuscadamente chamada de “preâmbulo” –, fazendo uma descrição rasa do que pensa o veganismo interseccional. Resume grosseiramente que o VI diz “que não podemos comparar a exploração dos animais com o sofrimento de determinados seres humanos [e q]ue isso significa depreciar sua dor e séculos de opressão”.
Nesse início, ele demonstra um tanto de má vontade em tentar compreender por que nós vegans interseccionais evitamos fazer comparações explícitas entre a exploração animal e casos de opressão contra seres humanos de minorias políticas. Não parece interessado em saber as razões disso.

Não encara que o VI defende o diálogo de saberes entre os movimentos de libertação animal e os de libertação humana. Não tenta perceber que, nesse intercâmbio, enquanto não houver uma consciência vegana difundida nos últimos, algumas concessões, temporárias ou não, acabam sendo feitas, como não usar o termo “escravidão animal”.

Adiante, ele incide numa falácia do espantalho, ao pôr na nossa boca que os movimentos sociais de causas humanas “merecem mais prestígio e consideração – afinal, são movimentos humanos”. Pelo contrário, o que o VI aborda é que está na hora do vegano-abolicionismo também ouvir os movimentos de libertação humana e, de ambos, surgir um supermovimento de libertação dos animais não humanos, dos seres humanos e da Terra. Não é colocar movimentos como o negro, o feminista e o LGBT acima do defensor dos Direitos Animais, mas sim colocá-los gradualmente em sincronia e eliminar, ou pelo menos aliviar, as tensões resultantes da histórica carência de diálogo entre as duas vertentes pró-libertação.

Ele implicitamente protesta que não tem sido considerado aceitável “comparar […] o sofrimento de uma mulher com o de uma vaca”, “falar que os animais são escravizados” e “falar em holocausto animal”. Nisso acaba, não estando claro se intencionalmente ou não, retirando das mulheres, das pessoas negras e do povo judeu a prerrogativa de julgar se é ou não adequado, mesmo num contexto de massificação do veganismo entre os outros movimentos sociais, fazer tais comparações. Deslegitima-lhes a vivência que lhes permite julgar se é ou não conveniente fazer tais comparações.

Ele não para pra pensar, por exemplo, sobre o impacto de, ao comparar a exploração animal com a escravidão imposta a negros no passado, acionar dolorosas memórias históricas da população negra. Ele não procura perceber o quanto a animalização dos escravizados era um instrumento de reiteração da inferioridade moral dessas pessoas perante a sociedade branca. Nem, no caso das mulheres, o quanto comparações entre a exploração de fêmeas não humanas e a violência contra mulheres aciona traumas em vítimas de estupro e outras formas de abuso sexual.

A seguir, ele descreve como considera os animais não humanos “os primeiros escravos da humanidade”. De fato, eles começaram a ser explorados antes de vir à existência a escravização de seres humanos. Mas a maneira como o autor faz essa abordagem acaba sendo uma forma de um branco tentar impor que a comparação imprudente e imoderada entre animais explorados e seres humanos escravizados “não tem nada de mais” para a população negra. Isso mesmo com os problemas mencionados mais acima sobre a animalização dos escravizados como forma de reiteração da inferiorização moral imposta a estes. E tem o agravante de que ele rejeita prontamente o diálogo entre a defesa dos Direitos Animais e o movimento negro.

Ele segue:
“O especismo é a ideologia mais entranhada na humanidade, inclusive entre os movimentos sociais e de direitos humanos. Mas os humanos oprimidos têm meios de lutar e resistir e por si mesmos. No presente, eles também contam com a proteção legal em muitos países, e quando este não é o caso, pode-se recorrer à solidariedade internacional, ainda que, frequentemente, o que se dá é o silêncio, porque a sacralização do Estado e da cultura contam mais que a solidariedade para com a pessoa que sofre – e isso inclui muitos ativistas sociais.”

Diz ele que as minorias políticas “têm meios de lutar e resistir por si mesmos”, mas parece não perceber o grande número de pessoas que se dizem veganas mas estão atuando contra elas. Pessoas racistas, machistas/misóginas, heterossexistas, elitistas, transfóbicas, intolerantes-religiosas, xenófobas etc. estão jogando fora todos os princípios éticos dos Direitos Animais e promovendo contra seres humanos a exclusão moral que eles próprios repudiam quando imposta a animais não humanos.

E incide também numa falácia de distorção de fato, ao deixar entender que o VI quer falar “em nome” das minorias políticas. Não percebe que ele é composto pelas próprias pessoas veganas dessas minorias, ainda que tenha a solidariedade de pessoas privilegiadas – homens brancos cisgêneros heterossexuais solidários à interseccionalidade e que buscam desconstruir seu machismo, seu racismo, seu heterossexismo, seu cissexismo etc.

Do jeito que ele argumenta, parece que o VI tem uma ordem social interna parecida com o conjunto dos intelectuais do Iluminismo – todos homens brancos/europeus endinheirados tentando falar em nome da humanidade inteira.
No parágrafo seguinte, ele diz algo que o VI na verdade já faz, que é promover o diálogo e esclarecer para não vegans dos movimentos sociais, entre outras coisas, a origem das comparações depreciativas entre pessoas de minorias políticas e animais de certas espécies. Já se faz isso de modo a promover o intercâmbio e a mescla entre a libertação animal e a libertação humana. Ele não pesquisou, não procurou um convívio, mesmo que temporário e para fins etnográficos, com nós vegans interseccionais para perceber isso.

Conclui o parágrafo dizendo:
“Mas a maioria dos ditos veganos interseccionais aderiu à lógica especista dos opressores que eles dizem combater. Eles querem simplesmente atribuir valor às minorias étnicas, sociais e políticas às quais pertencem sem se preocupar em reconhecer a igualdade de valor e dignidade, entre humanos e outros animais – reconhecer que todos os animais são pessoas.”

Essa é uma visão especificamente dele, restrita e enviesada por causa da falta de boa vontade etnológica de sua parte, e não uma verdade sobre o movimento vegano interseccional. Ele parece insistir que o VI está promovendo justamente aquilo que busca problematizar e combater – a hierarquização de lutas sociais e a inferiorização da causa animal – e não apresenta nenhuma evidência empírica de que isso realmente aconteça. Não traz nenhuma citação de algum(a) vegan interseccional dizendo abertamente que a luta contra o especismo “deve ficar atrás” das demais lutas.

Segue em outro parágrafo, que respondo em duas partes:
“Além disso, muitas dessas minorias eram ou são, elas mesmas, exploradoras de animais. Além de ancestral, o especismo sempre foi amplamente disseminado na sociedade, embora não beneficiasse a todos igualitariamente. Ele não é uma ideologia de uma elite: pertence à humanidade como um todo. E nos tempos atuais, sob as famosas égides da religião, da tradição, da cultura, da identidade, da “liberdade”, e da estratégia adotada pelos movimentos sociais de agir em conjunto, nenhum deles, em particular, está sequer aberto a debater o veganismo.”

Se alguns movimentos sociais se fecham a debater veganismo, isso se deve, sobretudo, à maneira abjeta como muitos vegans têm se comportado. Têm sido infelizmente comuns, por exemplo, os ataques de cunho racista e intolerante-religioso aos candomblecistas, por causa da prática do sacrifício animal em sua religião. Também se têm multiplicado as declarações machistas e misóginas, homo-lesbofóbicas, racistas, antissemitas, xenófobas etc. proferidas por pessoas que juram ser veganas – mas não se importam em pisar com violência na ética abolicionista para discriminar e ofender seres humanos de minorias políticas.

E também tem sido “confirmada”, dia após dia, a cada postagem de blogs e sites apologistas de um veganismo elitista e excludente, a crença de que os Direitos Animais seriam algo importado cru de países ricos do Norte, e típico de uma classe média branca urbana que pode pagar toda semana por shitake, hambúrgueres caros e queijos veganos gourmet de 50 reais o quilo.

O VI se esforça, com todas as suas forças, para provar para os demais movimentos sociais que essa crença é um mito, que o veganismo é sim acessível a todas as classes sociais e tem links com bandeiras humanas. Mas os defensores e priorizadores do “veganismo gourmet para quem pode pagar” têm atrapalhado decisivamente esse trabalho.

Isso sem falar no total descompromisso de muitos, talvez a maioria, dos vegans brasileiros em prestar solidariedade para outras causas e conciliar libertação animal com libertação humana. Não se tem sabido, entre vegans não humanistas, fazer esse link, tanto que o resultado têm sido conteúdos de “conscientização” ofensivos e traumáticos para pessoas vítimas de violência motivada por ódio misógino, racista, homo-lesbofóbico etc.

“Ao contrário, seus membros vêm até NÓS veganos para NOS chamar de opressores, elitistas, fascistas e preconceituosos, e ditar qual deve ser NOSSO discurso e NOSSA estratégia, para sermos aceitos, respeitados e suficientemente inócuos para não ferirmos suas subjetividades, reduzindo o veganismo àquela maravilhosa fórmula, que nos faz sentir bem conosco, com nossos amigos “libertários”, mas que em nada contribui para a liberdade animal: “uma opção pessoal”.” [grifos em caixa-alta do autor]

Se os não vegans dos movimentos sociais de minorias políticas nos dirigem esses adjetivos e tentam nos ditar como seria melhor que a comunidade vegana devesse agir, é porque algo não está dando certo. Como foi dito, são as tentativas de conscientização que mais machucam do que esclarecem, as iniciativas de gourmetização do veganismo e redução do mesmo a um estilo de vida de quem pode pagar por produtos caros, a negligência sistemática para com as pessoas pobres das periferias, os discursos de ódio vindo de “vegans” que violam a ética fundamentadora dos Direitos Animais. De fato, muitos (que se dizem) do meio vegano têm sido preconceituosos e elitistas e manifestado comportamentos sintomáticos de convicções fascistas.

É leviano achar que os movimentos de minorias políticas estão se posicionando contra a postura de grande parte dos defensores dos Direitos Animais por interesses privados, tal como pecuaristas, “baconistas” convictos e inveterados, cientistas que exploram animais em laboratórios, organizadores de rodeios e vaquejadas e outros exploradores de animais. Não é interesse na exploração animal, mas sim descontentamento perante comportamentos viciosos comuns no nosso meio.
E é uma falácia do espantalho achar que estamos sendo coagidos a diminuir nosso veganismo à guisa de “opção pessoal” porque os não vegans de movimentos sociais “têm interesse” de continuar sendo especistas. Se há pessoas desse meio acreditando que veganismo é uma “opção particular individual” ao invés de uma prática ética, é porque tem sido fraco o diálogo entre o movimento pró-Direitos Animais e os não vegans dos outros movimentos. E o próprio artigo do autor acaba atrapalhando as tentativas do VI de abrir esse diálogo e manifestando uma dolorosa má vontade de aceitar que isso seja feito de maneira diplomática e empática.

Nos quatro últimos parágrafos que concluem a primeira parte, ele novamente confecciona espantalhos para depreciar o VI. Primeiro, traz uma abordagem sobre a estrutura do vegano-abolicionismo da qual nada no movimento vegano interseccional sinaliza discordar. Tudo bem se ele defendesse particularmente essa posição de que a opressão contra os animais não humanos tem particularidades não vistas na dominação imposta a categorias de seres humanos, mas ele não se restringe a isso.

Ele prefere, ao invés, espantalhar que nós vegans interseccionais “discordamos” disso, sem trazer nenhuma evidência, nenhuma amostra ou fonte de algum(a) interseccionalista manifestando e justificando abertamente essa suposta discordância.
Diz ele que os adeptos do VI “excluem do debate os que discordam de suas diretrizes. Atiram-lhes termos pejorativos, intimidam e difamam”. Aqui ele não procurou fazer algo que seria essencial num trabalho que se aparenta acadêmico: perguntar, problematizar, buscar elaborar respostas. Em outras palavras, saber por que há pessoas no meio não tolerando discordâncias impróprias – como, por exemplo, na reação a homens brancos que tentam ditar a veganas feministas negras como elas “devem” agir e defender os seres humanos e não humanos.

Ele conclui essa parte de seu artigo dizendo:
“Mais importante, porém é a forma como se posicionam ante os animais: ‘Racismo = Sexismo = Todas as formas de opressão sobre humanos > Especismo’. Definitivamente não é uma abordagem a se seguir se quisermos nos autodenominar veganos e, mais importante (mas que muitos não entendem): se quisermos a liberdade dos animais. Esta é uma abordagem ESPECISTA, quando os animais não humanos são, ou pelo menos deveria ser, os protagonistas da nossa luta, e é por eles, e não por nossos direitos dietéticos, nem pelos direitos humanos que já têm seus meios de propagação, que criamos um movimento. Vegano. Abolicionista.”

É mais uma falácia do espantalho, mista com distorção de fato. Ele acha que, quando o VI defende efusivamente a revisão das estratégias de conscientização vegana para com pessoas de minorias políticas, está pregando que o especismo deve ser posto categoricamente abaixo de outras formas de dominação e discriminação. E não, ao invés, fomentando o diálogo de saberes entre, por exemplo, os vegans negros afrorreligiosos e os candomblecistas que assistem rituais de sacrifício animal, de modo que haja uma influência vegana mais empática, didática e adaptada, uma hermenêutica vegana interna das tradições religiosas do candomblé.

 

Segunda parte
Na segunda parte, é curioso que, enquanto ele deprecia o VI acusando-o de supostamente usar como “respostas” a anti-humanistas xingamentos como “fascista” e “elitista”, ele não faz algo tão diferente assim, ao depreciar a nós interseccionais como “pós-modernos”. Também é digno de curiosidade a forma, superficial demais para ser considerada didática, com que ele fala dos termos falácia, fascismo e elitismo, mas não busca explanar o que seria o pós-modernismo, sociologicamente falando. Tal como ele tanto fala dos três primeiros termos, seria talvez construtivo se ele falasse o que considera como sendo características da chamada pós-modernidade.

E além disso, percebi que ele não soube definir o que é falácia do espantalho. Provavelmente ou o leitorado não vai entender, ou vai ter uma concepção errada, confundindo o espantalho com a falácia de desqualificação pessoal (conhecida como ad hominem).

A falácia do espantalho, na verdade, consiste em atribuir ao outro lado um ou mais pontos fracos que, na verdade, esse outro lado não tem, e usar essas falsas fraquezas como motivo para criticá-lo. É quando, por exemplo, um carnista diz que nós vegans defendemos “todos os seres vivos por terem vida” e, com base nessa acusação, nos chama de “hipócritas” por comermos plantas, distorcendo o fato de que nós defendemos especificamente seres sencientes, que têm o interesse de continuarem vivos e fisicamente íntegros, e não todo e qualquer ser que tenha vida.

E como esta resposta mostra, o autor usou muitas falácias do espantalho em seu texto. A principal delas é a de que o veganismo interseccional coloca a luta antiespecista “abaixo” das demais lutas sociopolíticas, ao invés de exigir uma reformulação da conscientização pró-vegana para adequá-la aos sofrimentos das categorias humanas submetidas a opressões.
Mais adiante, ao falar da concepção trazida por ele sobre o elitismo, ele diz, numa provocação que interdita qualquer chance de debate cordial e honesto, que “uma parcela significativa daqueles ativistas que acusam os veganos que lutam pelas pessoas não humanas de elitistas e opressores” defendem o marxismo-leninismo e o stalinismo. Só que ele não especifica qual o tamanho dessa parcela. Não ficamos sabendo muito claramente se é uma grande parte, quase uma maioria, dos interseccionais, se é mesmo uma maioria ou se é uma minoria pequena.

Ele não tenta provar estatisticamente essa crença. Saber qual o tamanho da parcela de interseccionais defensores de ideologias autoritárias de esquerda deveria ter sido o objetivo de uma pesquisa sociológica quali-quantitativa que obtivesse um determinado número de declarações (por exemplo, tweets no Twitter, tópicos e seus comentários em grupos do Facebook, entrevistas etc.). E, dessa amostra de falas, seria feita uma análise de modo a identificar quais mensagens são pró-autoritarismo e quais não são, e daí seria obtida a porcentagem de autoritários no meio vegano interseccional.
Por essa omissão empírica da parte do autor, posso dizer que ele emite aqui nada mais do que uma opinião, sobre o quanto de vegans interseccionais incidem em posturas defensoras do autoritarismo.

Mais para frente, ele diz:
“[…] quando minorias demandam para si o privilégio de manter sua cultura, identidade e tradição em detrimento de outros seres, elas caem numa armadilha. Mesmo que não sejam a classe dominante, e aparentemente estejam apenas lutando contra o preconceito e pela liberdade, recaem em contradição, pois sua liberdade passa a se apoiar sobre a escravidão alheia. Ao mesmo tempo, elas incorrem no elitismo.”

Ele aqui deixa a entender que culturas minoritárias, como a candomblecista, precisam ser interpeladas e entender o quanto estão fazendo mal para os animais que são sacrificados ou caçados. Mas tenta orientar o ativismo vegano-abolicionista a isso sem que seja feito o devido e responsável diálogo com o candomblé.

E demonstra não confiar nos negros veganos afrorreligiosos, que são as pessoas mais capazes e com mais vivência e lugar de fala para dialogar com as tradições que sacrificam animais. Parece não se importar que brancos de fora da religiosidade afrodescendente (muitos deles cristãos ou ateus) tentem impor no candomblé o veganismo de maneira colonialista, sem que haja um diálogo decente, e tomem de assalto o lugar de fala que deveria ser dos negros veganos interligados à religiosidade afro.

A seguir, ele diz:
“Os interseccionais surfam nessa onda [de supostamente adotar uma estratégia única] para desqualificar o veganismo. Eles não se conformam que haja veganos que não concordem – parcial ou integralmente – com suas ideias. Para eles, apenas a perspectiva deles é válida. Querem que os veganos abram milhares de exceções e abracem todo tipo de causa antes de poderem se dizer veganos e difundir o veganismo – nos termos dos interseccionais.”

Nesse parágrafo ele confecciona dois espantalhos. Primeiro, para dizer que os adeptos do VI “desqualificam o veganismo”. Curioso é que aqui, ao falar sobre ”o veganismo” como se fosse uma coisa só e imune a divisões ideológicas internas, incide no que ele próprio acabou de criticar: impor ao veganismo uma única vertente monolítica, ao invés de uma ideologia passível de correntes diferentes e parcialmente discordantes entre si, e uma estratégia única de ação, que não respeite diferenças culturais e não faça distinção entre mulheres e homens, negros e brancos, pessoas pobres da periferia e pessoas de bairros de classe média alta, afrorreligiosos e não afrorreligiosos etc.

E segundo, para alegar que o VI exige que os vegans em geral “abram milhares de exceções e abracem todo tipo de causa antes de poderem se dizer veganos e difundir o veganismo”. Nada mais desconhecedor e redutor ao absurdo sobre que o VI realmente defende: a aliança, ou no mínimo o apoio solidário, a causas humanas.

Como eu abordei em artigos como esse, vegans que rejeitam pelo menos simpatizar com movimentos defensores dos Direitos Humanos estão queimando os próprios princípios éticos dos Direitos Animais. Dizem-se defensores de uma ideologia libertadora, pregadora da empatia e derrubadora de hierarquias morais. Mas paralelamente apoiam dominação de seres humanos alvos de discriminação, negam empatia ao mesmos e consentem ou mesmo defendem as hierarquias morais e sociais do capitalismo.

Libertação animal que não apoia libertação humana se torna algo autofágico e politicamente inócuo. É isso o que o VI quer dizer, e não que todos os vegans são “obrigados” a também defender com o mesmo tempo e disposição as minorias políticas humanas.

Não nega que cada pessoa tem suas prioridades, e que, quando as pessoas, cada uma com sua prioridade, agem em conjunto, todas as causas são igualmente favorecidas pela coletividade. Alerta, nesse sentido, que priorizar uma causa (simpatizando com as demais) é uma coisa, declarar-se adepto de uma única causa e prestar antipatia ou mesmo ódio às demais é algo bem distinto.

No mesmo parágrafo:
“Assim sendo, as tradições dos povos A ou B, os sacrifícios do povo C, a caça do povo D, a pesca do povo E, a criação de bodes, galináceos ou cabras do povo F, o dilaceramento de animais vivos por uma população carente – tudo isso está fora do horizonte discursivo e estratégico do veganismo interseccional. Quem discordar, além de opressor e elitista, será fascista, direitista inimigo do povo!”

Aqui o texto nos traz mais um espantalho. O autor não pesquisou para perceber que o que acontece não é o VI defender que essas culturas sejam mantidas intocadas pelo vegano-abolicionismo. Mas sim que seja reconhecida a força da voz dos representantes veganos dessas culturas, os únicos realmente capazes de fazer uma ligação dentro de sua lógica cultural entre o respeito pleno aos animais não humanos e suas tradições étnicas.

Novamente reitero: querer que brancos de cultura europeia e classe média imponham crua e violentamente seu ponto de vista aos povos periféricos é colonialismo. O veganismo, para realmente ser uma corrente defensora da ética, não pode se render a impulsos colonialistas desse tipo. Pelo contrário, insisto, precisa promover o diálogo de saberes e empoderar os membros das culturas do Sul (e as nativas da América do Norte), de modo que eles assumam, entre seus povos, o papel de agentes de mudança.

Em outras palavras, não é que o VI seja a favor da perpetuação do sacrifício animal em religiões perseguidas, mas sim que adeptos veganos desses credos tenham reconhecido seu poder de influenciar reformas éticas em suas culturas e promover aquilo que brancos de influência europeia nunca serão capazes de fazer com a mesma competência.
Esse trecho também insiste que nós interseccionais vivemos xingando nossos discordantes de “fascistas, direitistas e inimigos do povo”. Usou aqui falácia de apelo ao ridículo e ignorou as razões pelas quais há reações agressivas quando, por exemplo, homens brancos cristãos se dirijam a mulheres negras afrorreligiosas veganas para dizer de maneira impositiva como “deve” ser a atuação delas. Novamente, faltou aqui fazer uma boa pesquisa etnográfica, além de cultivar mais a dúvida construtora de conhecimento e evitar certezas precipitadas.

Adiante, o autor descreve o fascismo, segundo o conceito dado por Michael Mann. Essa parte não preciso comentar, já que nela não há ataques ao VI.

Já na seção Fascismo e elitismo: onde estão, nos debates interseccionais?, ele força uma divisão entre abolicionistas “de verdade” e vegans interseccionais, como se não defendêssemos a abolição do especismo e da exploração animal. Promove aqui falsa dicotomia, repete o espantalho de que nós interseccionais não somos realmente antiespecistas e distorce nossa intenção de promover uma revisão nas estratégias de conscientização e difusão do veganismo.

Variando um pouco o assunto, nessa parte, em um dos parágrafos, ele defende que o ativismo culinário “não necessariamente” é elitista. Acredito também que os pioneiros dessa forma de ativismo vegano podem influenciar outras pessoas a promovê-lo para pessoas pobres que não têm condição de comprar tofu, shitake e defumados veganos regularmente.

E percebi, apesar dessa momentânea concordância, que ele evita criticar quem insiste em, diante da revelação crescente da necessidade de se estender com força a conscientização vegana às classes populares, priorizar pratos caros e de acesso restrito. Uma coisa é ter sido pioneiro e tido o costume, sete anos atrás, de divulgar pratos gourmetizados. Outra é insistir até hoje nessa postura e continuar despreocupadamente discriminando pessoas de baixa renda de seu público-alvo de conscientização.

Posso dizer, com certa segurança, que hoje só é elitista no ativismo culinário quem quer. Nada impede que blogs e vlogs que hoje vivem divulgando pratos gourmet dediquem uma boa parte de seu tempo para ensinar sua audiência a fazer pratos só com ingredientes baratos e fáceis de encontrar na maioria das cidades brasileiras.

Voltando ao assunto principal – o ataque desmedido e falacioso a nós interseccionais –, o autor diz que:
“[…] infelizmente, lidar com a diversidade não está entre as melhores habilidades da maioria dos seres humanos – daí a virulência que os debates no meio vegano vêm adquirindo. É o caso dos interseccionais, que com sua intransigência e autoritarismo, querem deturpar o veganismo e expurgar os que discordam deles, a menos que se conformem.”
Repito o que eu já falei algumas vezes: faltou ele saber as razões das reações agressivas a certas iniciativas de discordância e oposição. Ele insiste em igualar a reação das pessoas discriminadas à violência dos discriminadores. E agora, que ele está “queimado” perante o movimento vegano interseccional por causa de um texto tão agressivo e depreciativo, dificilmente ele terá a oportunidade de, caso mude de postura, iniciar um trabalho etnográfico entre nós, que procure saber os valores, crenças e razões de ser e agir no meio interseccional.

O trecho seguinte é curioso:
“Não serei eu a usar de falácias que eu mesmo condenei no início desta segunda parte. Mas o fato é: a atitude dos interseccionais, tenta impor uma forma única de ação; uma visão de mundo que cultiva suas identidades em detrimento dos indivíduos, como os fascistas cultivavam a identidade nacional; que ao fazê-lo perpetuam o especismo, que é uma forma de preconceito e hierarquia estrutural.”

Como minha resposta escancara, ele usou e abusou de falácias, incluindo as desqualificações pessoais, estejam elas implícitas ou explícitas (os tachados de “pós-modernos” mandaram lembranças), e as abundantes falácias do espantalho. E também está incidindo numa postura colonialista, ao insistir, pelo que entendi, que, por exemplo, os membros veganos da cultura negra não deveriam valorizar tanto sua resistente identidade etno-cultural, mas sim reconhecer-se como meramente indivíduos membros de uma sociedade pró-individualista – por mais que ela seja dominada e hegemonizada por brancos –, afinal, estão manifestando um “sintoma de fascismo” quando fazem isso.

O parágrafo final da segunda parte, concluindo-a, é emblemático na postura que o autor traz sobre o VI:
“Além disso, os interseccionais que, “libertários”, na luta contra opressão, combatem o “elitismo” dos veganos, são os verdadeiros elitistas – agora, sem analogia, mas literalmente. Eles defendem que uns poucos tenham salvo-conduto para explorar e matar. Eles defendem o PRIVILÉGIO [sic] de grupos tidos como oprimidos para oprimir aqueles que são ainda mais fracos. E assim ainda perpetuam a noção que eles mesmos gostam de brandir contra nós de que o movimento vegano é para um grupo de jovens brancos de classe média. Ele o será, se ninguém tiver coragem de dar o primeiro passo para levar o veganismo até os grupos discriminados e desprovidos da nossa sociedade!”

Primeiro, ele insiste no espantalho de que o VI defende a perpetuação de costumes culturais minoritários de exploração animal, ao invés de reconhecer nos membros veganos dessas culturas o poder de influenciá-las por dentro e, assim, modificar tradições baseadas em matar animais não humanos.

Segundo, comete a ação tosca de dizer que nós defendemos que grupos já discriminados sejam “privilegiados” de modo a dominar outros ainda mais vulneráveis. Incide numa postura provocativa, insinuando que são e não deveriam ser “privilegiados” aqueles grupos historicamente alvos de dominação, discriminação e preconceito.
Terceiro, outro espantalho: dizer que nós estamos “definindo” o veganismo como sendo algo “para um grupo de jovens brancos de classe média”. O que acontece, na verdade, é que muitos desses vegans brancos de classe média estão, mesmo que sem intenção, fazendo com que o veganismo seja visto assim entre a parcela não vegana da sociedade.

Não faz uma autocrítica de modo a problematizar costumes viciosos de vegans não inclusivos que insistem em promovê-lo como se fosse um estilo de vida individualista de classe média. Ou seja, não somos nós, adeptos do VI, que estamos categorizando o veganismo dessa forma, mas sim os próprios vegans brancos de classe média que não fazem recortes sociais em sua maneira de fazer ativismo.

Quarto, ele diz que alguém precisa ter “coragem de dar o primeiro passo para levar o veganismo até os grupos discriminados e desprovidos da nossa sociedade”. Pois ele acaba de falar dos próprios vegans interseccionais membros desses grupos desfavorecidos, apesar de sua postura e intenção depreciativas. São essas pessoas, negras, mulheres, trans, não heterossexuais, pobres da periferia, que estão começando a agir em seus círculos para promover o veganismo e dialogar com seus iguais.

 

Terceira parte
No terceiro parágrafo dessa terceira parte, o autor diz:
“Pessoas de outros movimentos, a princípio, são bem-vindas. Elas têm uma grande contribuição para dar ao veganismo, se quiserem dialogar e não ditar. Se vierem desarmadas e despidas de preconceitos. Se entenderem ou quiserem entender a filosofia do nosso movimento. Se aceitarem nossas premissas – não por autoritarismo, mas por coerência.”
Curiosamente ele se diz contra o autoritarismo. Mas ele próprio acaba sendo sutilmente autoritário ao impor condições de docilidade pelas quais pessoas não veganas de outros movimentos sociais dialoguem com ele. Não lhe importa se são, por exemplo, feministas ofendidas com imagens misóginas propagadas por páginas sociais de difusão do veganismo, ou candomblecistas que foram hostilizados por “vegans” racistas defensores da proibição legal do sacrifício animal. Não lhe parece relevante que estejam se queixando, com revolta justificável, de formas impróprias de se defender os Direitos Animais.

E de novo, repito que ele está desvalorizando o diálogo de saberes. E também está recusando confiança nas pessoas veganas das minorias políticas. Em outras palavras, ele sutilmente diz: “Ou aceitam que homens brancos eurocêntricos de classe média imponham as condições do diálogo entre nós e vocês – entre elas, que vocês venham dóceis e inofensivos perante nós –, ou nada feito”.

E vai adiante com mais uma série de ataques que em nada contribuem como críticas construtivas:
“Os interseccionais chegam, com um senso de superioridade moral, de detenção da verdade absoluta, querendo ditar regras, impor visões que são apenas aparentemente radicais – no mais das vezes são senso comum politicamente correto. São juízes e preconceituosos. Xingam os oponentes de machistas, racistas, elitistas, fascistas. E pior: são especistas. Dizem-se abolicionistas, mas absolvem todos os oprimidos da responsabilidade pela escravidão animais. Eles sim estão muito mais próximos do fascismo do que pensam, e são decididamente elitistas na defesa de seus privilégios.”
Ele diz que nós nos arrogamos “detentores da verdade absoluta” e “queremos ditar regras”, mas ele é quem está fazendo isso. E o pior, tudo com base no mais precário achismo, sem uma pesquisa etnográfica e/ou quali-quantitativa que fundamente a posição dele. Ele está impondo como o veganismo “abolicionista de verdade” deve ser e colocando fora os “interseccionais relativizadores do especismo”.

Além disso, essa parte é de uma desnecessária agressividade, que reflete mais um ódio pessoal do que uma vontade real de fazer o veganismo e os Direitos Animais amadurecerem. Me lembra muito a postura de um blogueiro carnista que se diz “cético científico” (mas viola o ceticismo quando fala mal do veganismo e dos Direitos Animais) e tentou “desmascarar” o veganismo alguns anos atrás.

Vale dizer que tudo o que o autor falou acima já foi respondido anteriormente, sendo ele bastante repetitivo em sua abordagem – e me obrigando também a repetir algumas respostas.
O parágrafo final anterior à conclusão “coroa” o ódio que transpira do texto dele:
“Traçando o limite: já é duro combater os especistas fora do movimento. Agora ainda temos de fazê-lo de dentro, com os ditos interseccionais, que são especistas infiltrados, pseudoveganos, pseudoabolicionistas, pseudolibertários. Pessoas que não pertencem ao movimento abolicionista – pois negam seus princípios básicos.”

Nada mais há aqui do que ataques atrás de ataques pessoais. Ele tanto falou da falácia de desqualificação pessoal (o ad hominem), tanto nos acusou de xingar os discordantes de “fascistas”, “reaças”, “elitistas” e “direitistas”. Mas ele mesmo está repetindo o comportamento, ao invés de dar um bom exemplo de “como é mais correto ser opositor dos interseccionais”, com direito a repetir alguns dos xingamentos que ele diz que costumamos usar contra quem discorda de nós, como “fascistas” (sutilmente), “elitistas” e “pseudovegans”. E pior, está cassando nossas “carteirinhas de vegan”.
E é explícito ao dizer que está nos combatendo, tal como “combate” “os especistas fora do movimento”. Ele declara assim que tem ódio de nós e não está disposto a nenhum debate construtivo sobre nada que diga respeito ao veganismo interseccional.

Na conclusão, ele bate o pé e insiste em promover uma retórica inadequada e repulsiva, que talvez não deixe homens brancos heterossexuais de classe média contrariados, mas é acionadora de traumas em, por exemplo, mulheres vítimas de violência sexual e negros que se ofendem ao ter relembrado o passado histórico de animalização de seus antepassados. E “espantalhiza” mais uma vez, ao insinuar que negamos que os animais não humanos sejam, eticamente falando, pessoas não humanas.

Diz ele, a seguir, que não defende “um veganismo palatável aos especistas[, mas sim] um veganismo que diga a verdade, por mais dura que seja”. É curioso que ele exija dos não vegans de minorias políticas que se docilizem ao dialogar com os vegans, mas ele próprio se recuse a adotar uma postura diplomática, dotada de um mínimo que seja de empatia e noção de Antropologia – mesmo ele sendo um acadêmico das ciências humanas. Ele acaba legitimando todas as iniciativas, por exemplo, de vereadores e deputados evangélicos teocratas de proibir à força o sacrifício animal no candomblé, sem diálogo intercultural, sem diplomacia, sem nada além de força bruta.

Depois disso, repete o espantalho de que estaríamos relativizando e aceitando o especismo, algo que eu já respondi exaustiva e repetidamente nesta resposta. E encerra dizendo:
“Dialogar, sim. Solidarizar-se, sempre. Colocar as pessoas de outras espécies em segundo plano – JAMAIS!”
Ele deixa clara a tese central de seu longo texto nessa frase. E a deixa fácil de refutar: ela é uma falácia do espantalho, nos imputa a falsa defesa do rebaixamento dos Direitos Animais para baixo dos Direitos Humanos numa suposta hierarquia de causas libertárias. Reduz todo um esforço coletivo de redefinir e readaptar a conscientização animalista e intercambiar o vegano-abolicionismo com outras lutas a uma falsa promoção sutil do especismo dentro do meio vegano.

 

Considerações finais
Infelizmente é assim que pessoas opositoras convictas (não simplesmente discordantes e questionadoras) do veganismo interseccional têm agido, até o momento sem exceções: com ódio, ataques muitas vezes pessoais e também falácias. Não achei nada nesse texto que viesse a contribuir como uma crítica construtiva, um pedido de mais tolerância, uma tentativa de amadurecer o veganismo no Brasil. E aliás, não vi nenhum questionamento dirigido por ele a nós.
Pelo contrário, só vi um agressivo e volumoso (em tamanho) ataque que tenta fraturar violentamente o vegano-abolicionismo brasileiro em “vegans abolicionistas de verdade que combatem a exploração animal doa a quem doer” e “vegans interseccionais relativizadores do especismo e privilegiadores (sic) de minorias políticas”.

E como foi mostrado, faltou o principal para um texto que parece se propor como um ensaio acadêmico: a pesquisa empírica. O que se vê ali, ao invés, é um ponto de vista aprisionado no senso comum, na crença opinativa de quem vê de fora com as lentes de um ponto de vista nada empático para com as minorias políticas e seus movimentos sociais.

Ao contrário do que esse texto diz, não somos esses monstros destruidores da ética. Se você ainda não conhece muito bem o veganismo interseccional, por favor, nos ouça – em especial, ouça as pessoas de minorias políticas que atuam no movimento. Pedimos que, por favor, traga dúvidas sinceras e realmente curiosas – e não retóricas –, e evite certezas precipitadas ou tentativas de ditar como nós nos deveríamos atuar. E sobretudo, saiba ouvir e seja compreensivo.

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