Pelo fim da distorção dos termos e do Flexitarianismo para o bem dos Direitos Animais!
Em meio a uma situação econômica tida por muitos como instável, alguns empresários têm arriscado de tudo, até mesmo dizer que seus empreendimentos “são o que eles não são” (“Greenwashing”).
Inclusive, tem estabelecimento que tem colocado produtos lácteos e dizendo que o produto é “lacto-vegan” (aconteceu esse caso esta semana) e outros que tem se declarado como “veganos” pela sensação de bem-estar que isso possa gerar por proclamar que “está fazendo sua parte pelos animais”, ou pelo benefício que isso gera de mídia e “case alternativo de sucesso” ou qualquer outra explicação que podemos deduzir a cerca dessas confusões de terminologias e as motivações para dizer que é Vegan Food, mesmo quando, o estabelecimento é lacto-“vegetariano”!
O que é, obviamente, um absurdo e atrapalha ainda mais a divulgação séria e responsável do Veganismo.
Recentemente, o empresário Guilherme Carvalho (Secretário Executivo da Sociedade Vegetariana Brasileira), a sócia Monica Buava (Coordenadora Responsável pela Segunda Sem Carne) e Carol Caliman investiram no lacto-“vegetariano” Barão Natural.
Em entrevista intitulada “Em um ano, jovens empresários abrem quatro restaurantes veganos com preço baixo” fornecida ao portal Vista-se, Monica comentou: “Criamos a marca Barão Natural e abraçamos a missão de levar alimentação vegana para o maior número possível de pessoas, com muito sabor e a um preço verdadeiramente acessível”.
Em outro trecho da mesma entrevista, a sócia Monica Buava, afirma que “o que importa para os animais é que os sócios do Barão estão focados em promover uma alimentação vegetariana estrita“. Nada poderia estar mais distante da verdade dos fatos.
Ora o que podemos compreender minimamente a cerca disso (e o que os leigos vão fazer) é que o Barão Natural serve alimentação vegana e que isso significa o mesmo que alimentação vegetariana estrita. Não somos nós que estamos dizendo e sim o conteúdo comentado por eles. Nossa intenção é exemplificar o quanto essa confusão de termos pode gerar prejuízos ao Veganismo e consequentemente aos animais.
Conforme consta no Facebook oficial da empresa, o cardápio da pizzaria Barão Natural conta com mais de dez pizzas não-veganas (com queijo de vaca/bezerro).
Uma outra entrevista foi publicada a poucos dias no site UOL fortalecendo o mesmo discurso de que o estabelecimento é vegano, conforme o trecho de abertura sugere:
“Era um pizza-bar, mas virou vegano (sem carne, ovos e leite)”.
Em outra parte temos a seguinte declaração: “Conversamos com a equipe para explicar o vegetarianismo, tiramos ovos e leite das receitas para atingir os veganos e conseguir um público maior. No final, atingimos a meta”, diz Mônica Buava, em uma clara tentativa de afirmar que o local teria se tornado vegano por terem tirado ovos e leite das receitas.
Em outra publicação no site da UOL temos a mesma distorção.
Qual é o ponto X da questão?
O ponto é que um estabelecimento NÃO-vegano não pode e não deve se declarar como “Vegan Food” na sua comunicação visual ou menos ainda declarar-se como Vegano para a mídia e induzir as pessoas a acreditarem que o local é vegano se ele não é vegano (vide comentários abaixo). Isso não só pela confusão nas informações (confusão que nos parece proposital), mas pelo prejuízo ao movimento animalista que já tem uma dificuldade enorme (!) em se fazer ser compreendido pelas pessoas sobre “O que é Veganismo?”.
Imagine a seguinte situação…
Já pensou algum parente ou amigo querendo lhe agradar trazendo uma pizza “vegana” de mussarela de vaca, insistindo para que você coma, garantindo que a pizza veio de um estabelecimento “Vegan Food” como esse?
Se você relutasse ele ainda mostraria o logotipo do local (conforme publicações no Facebook Oficial da Empresa) para reforçar o slogan “Vegan Food”. Como você se sentiria? Muitos queijos veganos são parecidos com os queijos convencionais. Como se sentiria se comesse essa pizza e depois descobrisse que o queijo “vegano” super parecido com mussarela é na verdade mussarela de vaca?
Não basta a confusão, a zoação e a distorção que já existe em nossa sociedade sobre o Vegetarianismo e o Veganismo, já não basta toda exploração que os animais sofrem diariamente (principalmente para produção de ovos e laticínios), ainda temos que lidar com complicações e distorções geradas por pessoas – teoricamente – do próprio meio?
São pessoas que não podem alegar de maneira alguma desconhecer o real significado do termo vegano e a necessidade de abolir o uso de produtos de origem animal.
É uma pena que essas distorções de termos praticados pelos ‘ativistas’ da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) tenham chegado ao nível de confundir e enganar profissionais de imprensa e até mesmo o público vegano, deturpando o Veganismo para benefícios próprios.
Se a definição deles for absorvida por eventuais leigos que possam estar pesquisando sobre o tema, o Veganismo vai passar a ser considerado como “alimentação veg-estrita” ou “alimentação lacto-vegetariana” devido às declarações na mídia e as mais de 10 pizzas de queijo de vaca, oriundas da exploração de bezerros e suas mães, contidas no cardápio da marca dita “Vegan Food”.
– ATUALIZAÇÃO (26/03): A empresa Barão Natural entrou em contato em nosso Facebook e publicou o seguinte comentário:
“A rede Barão Natural Vegan Foods é referente a nosso projeto “almoço vegano saudável, delicioso e acessível” e é esse formato que divulgamos e estamos batalhando fortemente para expandir. Assim, quanto mais gente comer veganamente, melhor, não é mesmo?! A “unidade de negócio pizzaria” apesar de ainda ter queijo, não faz nenhuma divulgação das pizzas lactos, elas são mais caras e não usamos a legenda “barão natural vegan foods” em posts dela, nem mesmo neste folder que vocês tentaram adulterar”.
Uma das sócias a Carolina Caliman também publicou alguns comentários em nossa página, segue alguns trechos:
“QUERIDO, estamos divulgando o ALMOÇO!!!!! – Que parte da Pizzaria não ser vegan as pessoas não entendem ?”.
Nota da Redação: Procuramos e não encontramos evidência alguma sobre a existência de um projeto e repartições dentro da empresa, não encontramos informações de que somente o almoço era vegano e que no período da noite não era vegano (conforme afirmação acima) e continuamos alertando que isso está errado, um mesmo Facebook de várias unidades sustentando uma publicidade vegana, com opções veganas e não-veganas, aliás, encontramos outro conteúdo publicado na Folha de SP afirmando que o cardápio é 100% vegano (e novamente o conteúdo não foi desmentido pela empresa), tudo que encontramos são sempre os dizeres “Vegan Food” que vão da comunicação feita no Facebook da empresa, as declarações na mídia e ao guardanapo do local (conforme imagem abaixo que nos foi enviado por uma leitora também indignada) e que podem continuar a confundir a Imprensa, pessoas novas no Vegetarianismo ou no Veganismo, veganos e veganas, e pessoas intolerantes à lactose.
Os textos da entrevista concedida pela Rede Barão Natural sofreu alterações e erratas foram emitidas pela Imprensa, conforme anunciou o próprio UOL, o que pode dificultar o acesso ao conteúdo original e ao mesmo tempo evidenciar que houve distorções por parte da empresa.
Lamentável que ao invés de reconhecer o erro, corrigi-lo e aprender com ele, as pessoas responsáveis pela empresa preferiram culpabilizar a imprensa e o próprio público pela confusão que eles mesmo geraram, fazendo afirmações como “Que parte da Pizzaria não ser vegan as pessoas não entendem ?”.
As pessoas não entendem exatamente por que a informação foi manipulada, ocultada, distorcida e as alegações “veganas” não são condizentes com o cardápio e isso não é responsabilidade do consumidor e sim de quem comunica algo que não é verídico.
Compreendemos perfeitamente a importância das opções 100% vegetarianas (sem carne, sem ovos, sem leite, etc) que o Barão Natural serve diariamente (quanto mais lugares facilitando melhor), mas o ponto que estamos questionando, apesar de já termos deixado claro nesse conteúdo e em outros momentos, é que:
– Uma marca que serve “queijo de vaca” não pode dizer que é uma marca Vegana (evidências disso nas declarações na mídia e até o guardanapo do local que está escrito “Vegan Food”). Não pode dizer isso durante o dia, nem a noite, muito menos na Imprensa, simplesmente, não pode se dizer Vegana, pois não é!
– Pessoas veganas ou com intolerância à lactose podem consumir a pizza por engano (conforme vários comentários emitidos na rede social já evidenciaram). Isso é gravíssimo, pessoas podem ter a saúde prejudicada seriamente por essa confusão.
– Queijo de vaca não é algo vegano. É um produto que carrega muita exploração animal (os sócios da SVB envolvidos na empresa sabem disso, tanto é que foram chamados para darem consultoria antes de estabelecerem a compra ‘em sociedade’ da empresa, não são simplesmente empresários leigos no assunto investindo no vegetarianismo, mas são pessoas que tem conhecimento no assunto e insistem em manter o posicionamento Flexitariano de sempre, que considera aceitável o consumo de derivados de animais).
O queijo do leite de vaca ainda pode conter em alguns casos uma substância chamada coalho, obtida do estômago de bezerros, conforme alerta publicado no Vista-se para os amantes de pizzas de mussarela.
Independente de tudo é eticamente injustificável a presença dessas pizzas não-veganas no cardápio e seria fantástico se o Barão Natural, a pedido do público, eliminasse as pizzas com produtos de exploração animal do cardápio. Não queremos o boicote ao local e sim esclarecimentos e mudanças (Veganizem!). Não enganem a Imprensa e retirem o queijo do cardápio, esse queijo de vaca é desnecessário.
Pedimos e torcemos para que o Barão Natural não diga a Imprensa ou em sua comunicação institucional que é Vegano (caso não mude o cardápio) ou que deixem claro que servem OPÇÕES veganas ou melhor ainda que o Barão mude e retire o queijo de vaca das pizzas – pelas pessoas (veganas e intolerantes à lactose), pelos animais (explorados na produção de leite) e pelo planeta (que sofre com o desmatamento e as emissões da AgroPecuária).
– COMENTÁRIOS DE LEITORES (27/03):
– ATUALIZAÇÃO (02/04):
Nova nota do Portal: Mesmo diante de todas as provas (linkadas e detalhadas), o nosso pedido claro para não distorção do termo “Veganismo” e o pedido de retirada do queijo de vaca, o sócio Guilherme ainda teima em dizer e distorcer de que “um pessoal pífio / mal amado / desocupado / invejoso andou tentando denegrir a imagem do Barão Natural nas últimas 24h. Botaram até um pessoal pra escrever avaliações ruins (tipo “1 estrela”)”, apesar de já termos colocado nessa matéria, ressaltado em nossa publicação no Facebook (e desenhado por aí) que nós não incentivamos que as pessoas pratiquem o boicote ao Barão Natural, muito menos que fizessem avaliação negativa do Facebook da empresa, isso não é algo de nossa índole e nem atingiria o nosso objetivo proposto com essa publicação (alertar sobre distorção do termo Veganismo e criticar o uso de queijo de vaca como algo VEGetariANO). Pelo contrário atrapalharia nosso objetivo de abrir o debate. Portanto, essa alegação do sócio da Barão é falsa, feita exclusivamente para causar comoção em seus seguidores.
Não somos nós que estamos preocupados com “Estrelinhas de Facebook“, não faríamos isso por que mudaria o foco do debate (logo não faz sentido), esse “argumento” usado para distorcer, enganar e voltar as pessoas contra nós e só evidencia que a preocupação maior não é com o Veganismo, menos ainda com os animais e sim com a imagem da empresa que foi colocada em primeiro plano ou com estrelinhas de avaliação do Facebook.
Os comentários do Sr. Guilherme mostram onde está sua preocupação e ao dizer que “botamos pessoas para escrever avaliações ruins” sobre sua empresa tem provocado uma reação de fúria nas pessoas, que passam a defender a todo e qualquer custo o Barão Natural, sem avaliar o que estamos criticando e se realmente fizemos o que o Sr. Guilherme alega. Resultando até mesmo em ameaças físicas (vide comentários) para nossa equipe do site.
Em outro momento reforçaram que nunca afirmaram que a rede era vegana. Pesquisamos novamente e encontramos mais evidências de que isso é uma inverdade. A sócia Monica compartilhou a matéria da UOL de título “Negócio troca pizza de calabresa por feijoada vegana a R$ 15 e vira rede” e a sócia Carol comentou abaixo “We Vegan Baby” (Nós somos Vegans, Baby!). Não, não são, a marca/rede Barão não é vegana.
Reforçamos (novamente e quantas vezes preciso for) que apenas queremos o fim da distorção dos termos e que aconselhamos a retirada do queijo de vaca do cardápio por parte da Barão Natural.
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