Em 1962, a bióloga e escritora americana Rachel Carson lançou um livro que até hoje impressiona pela capacidade investigativa e força das denúncias apresentadas. O livro em questão, Primavera Silenciosa, se tornou um clássico do movimento ambientalista.
Àquela época, as empresas químicas e órgãos governamentais americanos iniciaram os processos abusivos de pesticidas nas lavouras e nas cidades. Doses cavalares de perigosos químicos eram usados e pulverizados em enormes áreas, muitas vezes contra pragas que poderiam ter sido combatidas através do controle biológico – um método natural e muito mais barato. Entre esses químicos estava o terrível DDT (diclorodifeniltricloroetano), que desde a década de 70 tem sua comercialização proibida em vários países, mas que no Brasil só foi proibido a partir do ano de 2009.
Outro exemplo de atuação tardia dos órgão reguladores brasileiros é a recente proibição pela Anvisa do agrotóxico metamidofós, cujo uso já está banido em muitos países e comprovadamente causa prejuízos aos fetos, gerando efeitos negativos sobre os sistemas imunológico, neurológico, reprodutor e endócrino. Apesar de proibido, o agrotóxico ainda poderá ser usado nas lavouras do país até junho de 2012. Infelizmente esses são demonstrativos claros da condescendência governamental no que diz respeito ao uso de agrotóxicos na agricultura. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo: são exatos 5,2 litros por habitante/ano segundo o documentário de Silvio Tendler “O veneno está na Mesa”, que foi lançado no dia 25 de julho no Rio de Janeiro.
Além do prejuízo causado diretamente aos seres vivos por seu efeito cumulativo ao longo da cadeia alimentar, muitos desses agrotóxicos permanecem por vários anos no ambiente, comprometendo a já tão ameaçada qualidade de nossos ecossistemas.
O título “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson faz referência às altas taxas de mortalidade entre pássaros que rodeavam as plantações americanas, em função dos defensivos agrícolas. Infelizmente, assim como na década de 60, os pássaros afetados hoje são “a ponta do iceberg” do problema causado pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.
Fonte: Greenstyle
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