É o que garante o ganhador do prêmio Estocolmo da Água de 2008, John Allan.
O professor criou o conceito da ‘água virtual´, que leva em consideração toda a água usada para fabricar um produto industrial ou um alimento.
Citado pelo jornal inglês Guardian, este relatório liderado pela cientista Malin Falkenmark, conclui que “não vai haver água nas plantações que seja suficiente para a população esperada de nove mil milhões de pessoas em 2050, se continuarmos a seguir as atuais tendências e mudanças na alimentação que são comuns aos países ocidentais”.
O relatório prevê que nessa altura “só haverá água suficiente se a proporção de produtos alimentares de origem animal for limitada a 5% do total das calorias e se os consideráveis défices de água regionais tiverem resposta ao nível de um sistema de comércio alimentar de confiança”. Hoje em dia, cerca de 20% das proteínas na alimentação humana são de origem animal, o que obrigaria a uma alteração substancial do regime alimentar nos próximos 40 anos.
“Com 70% do total de água disponível a ser canalizado para a agricultura, produzir mais comida para alimentar mais dois mil milhões de pessoas em 2050 vai aumentar a pressão na água e terra disponíveis“, acrescenta o relatório, que recorda que “900 milhões de pessoas já estão a sofrer a fome e dois mil milhões estão mal nutridas, isto apesar da produção alimentar per capita continuar a aumentar”.
“As Nações Unidas prevêem que temos de aumentar a produção alimentar em 70% em meados do século. Isto vai pressionar ainda mais nos nossos recursos de água que hoje já estão sob pressão, numa altura em que temos de canalizar mais água para satisfazer a procura crescente de energia – cujo crescimento esperado nos próximos 30 anos é de 60% – e gerar eletricidade para os 1300 milhões de pessoas que não a têm hoje”, explica este relatório citado pelo Guardian.
O estudo é revelado numa altura em que as Nações Unidas discutem a preparação para a segunda crise alimentar no espaço de cinco anos. As secas registadas nos Estados Unidos e na Rússia, aliada às fracas monções asiáticas e à especulação financeira sobre matérias-primas alimentares, estão a fazer disparar os preços do trigo e do milho e os países mais afetados serão os que mais dependem da importação dessas matérias-primas. Em 2008, uma situação semelhante fez regressar a fome a várias regiões do planeta, tendo ocorrido motins em dezenas de países.
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Fonte: Esquerda
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