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Na Indústria
Dida nasceu em uma incubadora do Interior de São Paulo, um centro de concentração que tem como sua única função produzir pintinhos aos milhares, praticamente todos os dias. Esses pintinhos, se fêmeas, podem ter dois destinos:

1) irem para a linha de produção de ovos e viverem sua vida inteira enclausurada em gaiolas menores que uma folha sulfite para produzirem como se fossem verdadeiras máquinas de ovos até o seu corpo se esgotar, a produção cair e serem levados ao abate;

2) irem para a produção de produtos de origem animal diretamente e passarem os próximos 45-60 dias de suas miseráveis vidas num galpão fétido, e talvez morrer por ter uma perna quebrada devido ao excesso de engorda (frequente), de ataque cardíaco antes da data de ser enviado para abate ou até mesmo morrer de calor durante o transporte até a avicultura.

Por utilizarem só as fêmeas, em sua maioria, ocorre uma seleção, onde os pintinhos machos não são necessários, e por isso são descartados. Isso, jogados fora, às centenas, todos os dias (apenas em uma única granja). Descartados para produção de temperos (famoso Caldo Knorr e outras marcas), para produção de Nuggets, gelatina, ração de animais e até mesmo para produção de graxa (sim, aquela mesma dos sapatos).

Estes ainda “tem sorte”, pois são triturados vivos para que esses produtos possam existir. Conheci uma outra granja que como não possui fornecedores que comprem esses descartes e para baratear o processo de descarte eles enterram os animais vivos em uma vala. (Impossível não lembrar dos judeus jogados em um buraco aos montes num passado não tão distante). Violência é violência.

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E o Dida nasceu desse submundo, uma realidade bem distinta da apresentada nos comerciais publicitários.
Dida foi filho desse sistema imundo, filho de uma rigorosa seleção genética, drogas aplicadas em sua mãe e de diversas outras manipulações da indústria.

 

O Resgate
Na semana que antecede o Dia Internacional dos Direitos Animais trabalho é o que não falta, ativistas do CAMALEÃO e ativistas do Veddas finalizavam algumas capturas de animais para o ato, alguns animais conseguimos em operação conjunta e depois nos separamos, nós fomos em busca de outros animais em outros locais e o pessoal do Veddas foi para outra cidade atrás de uma empresa específica, uma incubadora.

E no dia 6 de dezembro, Dida estava em meio aos 201 pintinhos que foram descartados por essa incubadora, todos com cerca de dois dias de vida. Um dos pintinhos veio a óbito no mesmo dia e dois ficaram sob cuidados especiais pois estavam debilitados.

Um desses pintinhos especiais mancava. Leandro e Nathália decidiram levá-lo para São Paulo em vez de deixar no sítio junto com os outros. Após a realização do ato em Taubaté, fui para São Paulo. Lá conheci o Dida.

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Casa do Leandro
Na casa do Leandro, nas primeiras noites ele dormiu dentro de uma meia aconchegada sobre o corpo da Nathália. Ele não queria ficar sozinho por nada, gostava de brincar de nos perseguir quando distanciávamos. O problema na perninha foi sumindo, e ele já conseguia ciscar. Batizamos esse pintinho de DIDA (em homenagem à ação do Dia Internacional pelos Direitos Animais, ação que culminou em sua retirada das garras da indústria especista).

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Primeiro dia em casa
Após a realização das atividades em São Paulo, voltei para minha casa e comigo trouxe o Dida junto com o objetivo de cuidar dele durante o certo tempo que ele precisasse e depois levá-lo para algum sítio que já estava em mente e que ele teria espaço para levar uma vida que toda espécie deveria levar: em liberdade. O Dida foi bem recebido por algumas pessoas aqui em casa.

O Bob, cão companheiro, no primeiro momento ficou bem curioso, mas não rosnou em momento algum, apenas engoliu o Dida com seu fucinho e toda sua curiosidade olfativa. Rosnar mesmo, somente alguns familiares rosnaram. Afinal, que absurdo um animal “desses” no lar, ele só é bem-vindo se for massacrado em pedaços, de outra maneira não é “normal”.

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Casa do Ederson
Após belos longos dias e de muita “corujice” ou “galinhisse” da minha parte, com todos os cuidados que uma mãe poderia ter com seu filho tive que deixá-lo por alguns dias na casa do Ederson (um voluntário do CAMALEÃO), enquanto fui para Curitiba conhecer o trabalho do ONCA.

Antes disso, eu e o Dida tivemos uma bela amizade. Ele piava o dia todo ao ponto de me deixar com dor de cabeça, mas era legal, com exceção das vezes que ele fazia isso na parte da manhã e me acordava extremamente cedo. Se me esforçar ainda consigo ouvir seu barulho, seus “piu, piu, piu” que hoje faz uma falta tremenda.

Ele era um verdadeiro guerreiro, poder acompanhar sua trajetória de um pintinho quieto e paralisado para um pintinho “tagarela” e que corria para lá e para cá me seguindo para cada lugar que eu me movia foi gratificante e também engraçado, pois ele piava mais ainda quando saía em disparada correndo atrás da gente. Ele gostava muito de banana e frutas. Adorava subir em cima dos farelos de comida e ciscar em cima. Em uma vida normal, pintinhos dormem debaixo das asas aconchegantes de sua mãe, em São Paulo ele dormia junto com a Nathália em algumas ocasiões, em outras ficava enrolado em uma meia, aqui ele tinha uma touca que virou uma bela duma caverna e também ele tinha seu próprio bichinho de pelúcia onde ele dormia entre os braços do mesmo e algumas vezes dormiu comigo também.

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Voltando de viagem, na manhã do dia seguinte já fui buscá-lo na casa do Ederson…

O Dida tinha ficado numa boa, estava bem, teve seu primeiro contato com a grama de verdade na casa do Ederson e não com os improvisos de terra que eu havia arrumado.

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Veterinário
Dias depois ele veio a apresentar novos problemas ficou até mesmo um dia inteiro sem andar. Nunca senti tamanha agonia e aperto no coração, afinal não sabia muito bem como agir. Desespero resume bem essa época. Extremamente preocupado.

Afinal, nem mesmo os veterinários sabiam dizer algo concreto à respeito. Isso quando encontrava algum veterinário nas clínicas o que foi bem difícil visto que ele apresentou problemas em um sábado/domingo. Uma boa reforçada na nutrição e em pouco tempo ele já estava bem melhor e correndo novamente. Uffa, passou o medo!

 

Ano Novo
Após ter melhorado, como de costume fomos para um sítio no final do ano. Lá, o Dida pode desfrutar de mais liberdade novamente. Ciscou, brincou, correu, pulou para todo lado e conquistou o coração de mais alguns humanos que ainda não o conheciam.

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Sítio “Enfim, Liberdade!”
Final de ano já era. As férias estavam acabando, trabalho voltando e o Dida já estava muito bem, chegou a hora então de levá-lo para um sítio onde pudesse vivenciar a terra e ter a vida que finalmente ele merecia, ele e todas as outras espécies.

Ele ficou no sítio de uma amiga, uma pessoa guerreira que luta constantemente pelos animais, no sítio dela, animais de diversas espécies convivem em harmonia, todos salvos de diversas situações horripilantes de maus-tratos. Talvez, o melhor momento da vida do Dida tenha sido nesse local, apesar de todo o carinho dado anteriormente por todas as pessoas que o ajudaram, nesse sítio ele tinha o que há de melhor na vida de qualquer animal, não somente o carinho, mas também a liberdade e muita companhia de todas espécies possíveis.

Enfim, liberdade!!!

A liberdade é algo que nós só percebemos o quão valiosa ela é, quando não a temos ou quando conhecemos a realidade daqueles que não a tem.

Não tenho dúvidas de que todo esforço feito por cada pessoa que o ajudou não foi em vão, pois ele pode desfrutar de uma vida, de carinho, de amor, de aconchego de várias espécies de animais, do cãozinho filhote que havia chegado no sítio pouco antes dele e que brilhou os olhos ao ver o Dida, que inclusive não parava de provocar o Dida “Ei, brinca comigo!”, cada fucinhada dizia isso, do galo Mário seu fiel escudeiro que ficou ao lado do Dida desde o começo, principalmente até os momentos finais, onde nós não imaginávamos, mas o Mário já sabia muito bem o que iria acontecer.

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O carinho de cada pessoa-humana que ajudou também a cuidar do Dida não foi em vão. Pessoas que fizeram o máximo que podiam por ele. Ele é grato por todas elas.

Hoje o Dida morreu. Dia 18 de fevereiro. Dois meses e alguns dias de vida.

Um tumor cresceu em seu pescoço em pouco tempo e o levou a óbito. Na indústria os animais usados para atender a demanda de produtos de origem animal, como a carne, (sobre)vivem cerca de dois meses, o dito prazo de validade da indústria. Aperfeiçoamento, “melhoramento” genético é o que dizem, na verdade, eles apenas trabalham para que o animal cresça e engorde mais rápido, não existe melhoramento algum, esses animais não estão saudáveis e além de todas as provas que já existem a cerca disso, nós temos mais essa, muitos dos animais que passaram da “data de validade” estão morrendo. O Dida teve um tumor horrível em seu pescoço, uma bola maior que sua cabeça cresceu nesse local, mas os consumidores não sabem disso, visto que esses animais são mortos antes das doenças se tornarem visíveis e a indústria obviamente não divulga. Dessa forma sua história “terminou”.

Infelizmente ele faleceu, mas jamais, jamais ele fraquejou, ele lutou bravamente cada segundo, lembro muito bem da época que ele estava se esforçando para andar, propositadamente eu tomava distancia em certos momentos e ele caminhava para chegar próximo de mim. Em questão de tempo já estava correndo e batendo as asas, instantaneamente ficava sem reação ao vê-lo bem.

Ele não desistiu, o Dida decidiu se tornar mais do que ele era, ele decidiu se tornar de verdade um símbolo dessa luta árdua contra o especismo.

Ele resistiu!!

E será nossa inspiração para fazer ainda mais pelos Direitos Animais (Veganismo).

Faço das palavras do Leandro, as minhas palavras: “Lembrar do Dida é lembrar de continuar lutando contra esse sistema baseado na exploração mesmo sabendo que os resultados podem vir após a minha própria morte.”

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[youtube http://www.youtube.com/watch?v=Dspx-c_Um1s 610 430]

* Por favor, pare de colaborar com a objetificação de animais, não consuma ovos, torne-se Vegano/a: www.SejaVegan.com.br

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