Esquizofrenia e desinformação são duas palavras que podem definir bem o texto publicado em 27/11/2013
Esquizofrênico porque o autor defende ao longo de todo o texto a pseudonecessidade de nos alimentarmos de alimentos de origem animal e a importância do “respeito” à cadeia alimentar (o que na visão desinformada dele significa comer animais) e conclui afirmando que “o respeito aos animais que nos alimentam incute um prazer espiritual” que deve acompanhar o ato de comer.
Desinformado ou mal informado? Talvez seja por não ter pesquisado o assunto que o crítico da FSP afirme que uma alimentação vegana não é capaz de suprir os nutrientes necessários ao organismo humano. Como nutricionista especializado em dietas vegetarianas posso afirmar que a dieta vegana não somente é possível (e com facilidade) como também traz vantagens ao organismo. Ou talvez ele tenha se informado, mas baseado em textos de nutrição datados de meados do século passado. Atualmente até o Conselho Regional de Nutricionistas, que não é o órgão mais flexível dentro da nutrição, afirma que uma dieta vegana é viável para qualquer fase da vida. Portanto, dizer que o autor está desatualizado é pouco.
Desinformado também ao afirmar que Peter Singer seja “a principal referência dos veganos”. Se alguma coisa, Peter Singer é abominado pelos veganos. Aliás, nem vegano é. Sua teoria utilitarista pauta a defesa do consumo de animais dependendo da “forma” como foram criados e em alguns casos defende até mesmo a zoofilia (sexo com animais). Se há um exemplo de filósofo torto com alguma inserção no movimento, Josimar Mello escolheu justamente esse para aponta-lo como “referência. Mais uma vez, deve ter sido fruto de alguma pesquisa rasa, sempre característica dos seus textos.
Talvez, conflitado com a sua falta de criatividade gastronômica e desprovido da capacidade de um olhar atento para as infinitas possibilidades a que um vegano tem acesso no cotidiano das grandes cidades, Josimar Mello tenha sentido a necessidade de relatar a sua experiência como negativa. Provavelmente digitou “veganismo e suas contraindicações” em algum site de buscas e baseou o seu texto (que aliás em nada está relacionado com a sua experiência de ter ficado uma semana sem comer ingredientes de origem animal ao contrário do que propõe o título) nas primeiras informações rasas que encontrou, como aliás já se mostrou ser característico sempre que se (in)dispõe a escrever sobre o tema.
Nos últimos anos (não são semanas Josimar, são anos – atualize-se) a gastronomia vegana tem recebido prêmios de destaque em concursos dos quais participam também chefs com preparações com carnes. Atletas veganos têm conquistado colocações entre as primeiras em provas de extrema resistência. Celebridades tem aderido e relatado a melhora na sua saúde (e na sua consciência). Estudos científicos produzido conduzidos por profissionais da área da saúde têm corroborado as vantagens da adoção de uma alimentação baseada exclusivamente em vegetais. A imprensa tem tratado o tema com seriedade e imparcialidade. Mas ainda há aqueles que conseguem não enquadrar-se em qualquer uma dessas categorias. Talvez por colocarem os seus vícios pessoais acima com compromisso com a sua profissão, usurpando assim a ingenuidade do público que neles depositam a sua confiança para assim facilitarem a aceitação da sua própria incapacidade em aceitar o novo, o correto, o saudável e o ético.
Dr George Guimarães
Nutricionista especializado em dietas vegetarianas
www.nutriveg.com.br
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