Sobrevivente de holocausto comenta sobre abate de animais
Em 2 de outubro, Alex Hershaft, um sobrevivente do Holocausto e fundador da FARM (Movimento pelos Direitos Animais de Fazenda), sentou-se no chão com aproximadamente 100 outros manifestantes em frente ao maior abatedouro de porcos da Costa Oeste dos EUA, o Farmer John, em Veron, Califórnia.
Eles bloquearam a passagem de dois grandes caminhões que transportavam 200 porcos que seriam abatidos naquele mesmo dia. Nas próximas 24 horas, esses porcos se juntariam a outros 6 mil animais que seriam desacordados por meio de choques elétricos, içados pelas patas traseiras e teriam seus pescoços cortados por uma máquina.
Esse protesto foi apenas um dentre os mais de 100 que ocorreram em todos os países que comemoram o Dia Mundial dos Animais de Fazenda.
“Você conseguia ouvir os porcos gritando dos caminhões”, disse Hershaft, de 78 anos, em voz baixa, durante a entrevista feita por telefone diretamente de sua casa em Bethesda, Maryland. “Apesar da minha idade avançada, eu viajei até Vernon e corri o risco de ser preso porque, como sobrevivente do Holocausto, fico muito honrado de chamar a atenção pública para esta tragédia em curso.”
Com cinco anos de idade, no Gueto de Varsóvia, Hershaft testemunhou judeus sendo espancados, alvejados e morrendo de tifo pelas ruas. Mas ele foi tirado do local por uma empregada da família e assim conseguiu sobreviver à guerra se passando por ariano. Após a libertação, ele soube que seu pai havia morrido em um campo de concentração alemão, assim como a maioria de sua família.
No início dos anos 60 ele testemunhou uma família druze celebrar o nascimento de um bebê com o ritual de sacrificar um cabrito. “Eu vi a ironia que era matar um filhote para celebrar o nascimento de outro”, disse Hershaft, que em 1961 decidiu se tornar vegetariano. “Eu simplesmente não poderia suportar a ideia de pegar um ser vivo, que tem uma vida e respira, acertá-lo na cabeça e cortar seu corpo em pedaços.”
Hershaft começou a encontrar paralelos entre o Holocausto nazista e o massacre de animais, incluindo “o confinamento, brutalidade e o extermínio em massa”, ele diz. “Não estou igualando o Holocausto aos milhões de animais abatidos semanalmente nos Estados Unidos para que sejam recebidos por restaurantes. Para nós, os dois fatos divergem em muitos aspectos. No entanto, nós todos compartilhamos o amor pelas nossas vidas e nossa capacidade de experimentar muitas emoções, incluindo afetos, alegria, tristeza.”
Hedfff, que agora é vegan, se tornou um ativista pelos direitos animais depois de participar do Congresso Mundial de Vegetarianismo, em 1975. Em 1981 ele fundou o FARM que, junto a grupos como a PETA, se tornou uma força na luta pelos direitos dos animais e pelo veganismo.
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