Rap animalista: levando os Direitos Animais para todos os cantos!
Entrevistamos o Rapper vegano Marcos Favela, que lançou em 2013 o álbum independente “Contra o Extermínio”, sobre libertação animal.
Confira!
Portal Veganismo: De onde você é?
Marcos Favela: Sou de Mogi das Cruzes (SP), conhecida como terra do caqui e das flores, cidade de forte influência japonesa. Conhecida também por fazer parte do cinturão verde e por suas famosas faculdades, se tornando assim uma cidade dormitório e elitizada.
Portal Veganismo: Quando e porque se tornou vegano?
Marcos Favela: Sou viciado em informação e descobri através de livros e documentários a realidade cruel das empresas alimentícias e das grandes empresas exploradoras que matam milhares de animais, para satisfazer nosso paladar e comodismo. Então me tornei vegano há 2 anos e a cada dia me desconstruo para me reconstruir física e mentalmente sobre o real valor da vida em seu todo.
http://www.youtube.com/watch?v=hJB9R5sxDXc
Portal Veganismo: Já fazia Rap antes disso? Sobre o que falavam as letras?
Marcos Favela: Faço Rap desde 1995 , sempre abordei temas de auto-estima, sempre acreditei que para uma musica Rap ser verdadeira , o MC ou Rapper tem que cantar o que realmente vive e não sair por aí falando que faz e acontece sendo que não faz nada daquilo que rima. Outro detalhe é que nunca coloquei um palavrão em minhas musicas, pois canto para o mano, para a mina, para a mãe, para as crianças ou para quem quiser ouvir, meu Rap tem classificação livre.
Portal Veganismo: Como veio a ideia de unir Rap e Libertação Animal?
Marcos Favela: Aprendi que o Rap é a voz das periferias e comunidades, é a voz do oprimido contra o sistema opressor, contra o racismo, contra a exploração. E vendo a exploração dos animais pelo ser humano, foi automático. Me coloquei no lugar do ser explorado, maltratado e morto com requintes de crueldade e pude imaginar a dor sentida pelos animais, que não tem voz para pedir auxílio. Costumo dizer que sou instrumento do Rap e em um trecho de minha música eu falo:
“Não estou usando o Rap, o Rap é que me usa
Pra passar a informação inteligente e de forma justa”
Portal Veganismo: É você mesmo quem produz os sons (instrumental, letras e voz) ou conta com outros artistas?
Marcos Favela: No momento sou eu mesmo que produzo minhas músicas, desde letras, instrumental, arranjos, etc. Mas tive várias pessoas que me auxiliaram nesta trajetória de aprendizado. Quanto a parceria com outros artistas, tenho meus amigos do xBALACLAVAx, grupo de Rap de Libertação Animal também e além disso, traz em suas canções letras libertárias de ordem e ação direta. Já fizemos várias apresentações juntos e em breve lançaremos uma ou mais canções juntos. Também temos uma página na rede social chamada Hip Hop Vegan Brasil, que reúne outros nomes do Rap de libertação animal, tais como Elton Kurtis, Bob Vegano e Menção Honrosa.
Portal Veganismo: Quando foi lançado o álbum “Contra o Extermínio”? Como tem sido sua repercussão?
Marcos Favela: O álbum “Contra o Extermínio” foi lançado em 2013, foi totalmente independente ao estilo “faça você mesmo!”. A repercussão foi melhor do que eu esperava. Para ser sincero, obtive mais visibilidade com esse trabalho musical de libertação animal do que quando eu fazia o Rap “tradicional”. Conquistei vários espaços e novas amizades, novos contatos e novas ideias a respeito da valorização da vida em seu todo. Confesso que no cenário do Hip Hop o público ainda fica meio de segunda com a ideia de libertação animal, mas a culpa disso é do país em que vivemos, um país doutrinado e preso a tabus.
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Portal Veganismo: Na página “Hip Hop Vegan Brasil” são compartilhadas lindas imagens que flagram o amor entre moradores de rua e seus cães. Na sua visão, porque libertação animal é também libertação humana?
Marcos Favela: A libertação animal só será possível se houver libertação humana também. Tenho por mim que a libertação humana se resume a se desprender das doutrinas e tabus enraizados em nossa cultura, pois enquanto o ser humano não respeitar a vida em seu todo, nunca haverá paz. Temos que praticar mais o amor ao próximo e às criaturas da natureza, respeitar o meio ambiente, deixar de lado as ambições materiais e valorizar mais o “ser” ao invés do “ter”.
Portal Veganismo: Como você mencionou, a galera do Hip Hop ainda reluta um pouco frente a ideias de Direitos Animais. Quais são os desafios ao abordar o veganismo nas periferias?
Marcos Favela: Me faço repetitivo ao mencionar mais uma vez, que a culpa da relutância pela aceitação da ideia de libertação animal no Hip Hop, se dá ao fato de termos também enraizados no Hip Hop doutrinas e tabus. E vou mais além. Essa relutância não é somente com a libertação animal. Vejo a mesma luta por parte das mulheres ativistas do Hip Hop para conseguirem conquistar o devido respeito. Você pode fazer uma pesquisa na internet a respeito do tema “grupo de rap gay” e ver a polêmica que isso está gerando.
Mas voltando a pergunta, uma vez um mano me disse: “Mas se eu parar de comer carne, vou comer o quê? Vou passar fome?”. Quer dizer, a maioria das pessoas tem uma visão limitada quando o assunto é saúde e alimentação. Estão acostumadas a comer ou beber o que a mídia impõe. Nem se dão conta do mal que estão fazendo aos animais, a si mesmo e aos seus filhos.
Infelizmente a maior parte da população não aceita o fato de que os animais tem que ter Direitos. O ser humano aprendeu a cultivar a terra e dela tirar seu sustento, mas prefere partir para o comodismo da exploração animal, sem se dar conta que a mesma exploração animal explora os próprios seres humanos, destrói o meio ambiente, adoece a população, os obriga a comprar remédios com promessas de cura e os explora financeiramente.
E nessa todo mundo perde!
Portal Veganismo: Porque você acha que o veganismo tem as vezes uma errônea fama de movimento elitista? Como você acha que podemos quebrar essas barreiras?
Marcos Favela: O veganismo, ao meu ver, não tem nada de elitista, pois todo movimento anti-opressão e anti-exploração tende a ser também anti-elite. Acredito que os maiores opressores e exploradores de vidas humanas e não humanas são a elite burguesa. Mas, observando por um outro lado, todo movimento quando cai no gosto popular corre um risco de se tornar um movimento elitista. Isso porque quando as pessoas se identificam com uma causa, fazem de tudo para engrandecê-la. Desta maneira cria-se um segmento comercial, de produtos e marcas como roupas, sites, filmes, documentários, etc. E no veganismo temos algo em destaque, que é a gastronomia, que vai desde o mais básico alimento vegano ao prato mais sofisticado que podemos imaginar. E a mídia, como sempre, faz o seu papel divulgando na maior parte das vezes os pratos mais caros. Assim a população das periferias e comunidades se sentem deslocadas e acham que é mais prático e acessível o consumo de carnes e derivados.
Portal Veganismo: O que te inspira nos momentos de criação?
Marcos Favela: Minhas fontes de inspiração são antigas. Nas minhas canções de libertação humana utilizo meu aprendizado como voluntário em ONGs, em destaque no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDECA), do qual participei por vários anos com oficinas de Hip Hop e cidadania.
São aquelas lembranças dos sorrisos das crianças durante as oficinas que me fazem continuar a cantar Rap. E faço aqui a prova do ditado das ruas. O Hip Hop salvou minha vida!
Já nas canções de libertação animal, digo de coração que foi graças a uma desconstrução e reconstrução diária do meu ser, que consigo me colocar no lugar de cada ser, imaginando o sofrimento que ele passa, a dor de ser tirado de sua família, a traição daquele que aparentava ser seu amigo e de repente te abandona na rua ou em uma caixa de papelão, sem água ou comida.
São situações de tristeza como essas que me fazem refletir sobre a vida, que me fazem pegar cada palavra do meu pensamento e transformá-la em rima.
Pra mim, cantar Rap é para os fortes, mas viver o Rap que canta é para os verdadeiros!
Portal Veganismo: Quais são seus contatos, para quem quiser te chamar para tocar em um evento?
Marcos Favela: Meu e-mail é mogimarcos@gmail.com, meu telefone é 11 9 6194-0613. Tenho meu perfil no Facebook, um canal no Youtube e também um site.
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